domingo, 21 de novembro de 2010

Santa Cecília

Mártir da igreja cristã do início do século III nascida m Roma, considerada, desde o século XV, a padroeira da música, por seu talento com a harpa. De família nobre, cedo converteu-se ao cristianismo e diariamente assistia às missas celebradas pelo papa Urbano, na Via Ápia, onde era rodeada por pobres a espera das suas habituais doações. Obstinada em permanecer virgem, ao se casar com o pagão Valeriano, a quem fora prometida, afirmou-lhe estar sob a proteção de um anjo e que só podia dedicar-se a Deus e, além disso, se ele se convertesse também seria capaz de ver e ser amado por seu anjo protetor. Tal foi sua firmeza que o noivo, impressionado, decidiu se batizar. Ao voltar da cerimônia de batismo, celebrada pelo papa Urbano I, Valeriano encontrou a esposa em oração, com a figura do anjo a seu lado e partiu para converter imediatamente seu irmão Tibúrcio. Ao saber da conversão dos irmãos, Almáquio, o todo-poderoso prefeito de Roma, mandou decapitá-los. Depois, segundo a tradição, Almáquio interrogou a santa sobre os bens da família, mas esta afirmou que tinham sido doados aos pobres. Furioso, ele mandou então decapitá-la, porém por três vezes a lâmina caiu sobre sua cabeça sem que esta se separasse do corpo. O milagre deveu-se ao fato de que ela desejava ver pela última vez o papa Urbano. Três dias depois ele foi visitá-la no cárcere e só assim ela entregou sua alma a Deus. A estátua em mármore da santa, de Stefano Maderno, decora seu mausoléu em Roma e é sua data de culto é 22 de novembro. Santa Cecília é exemplo de determinação, mostrando que devemos ser leais aos nossos propósitos de vida e persistentes para alcançá-los.
Santa Cecília, rogai por nós!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quem é o meu Rei?

Certo dia, Santo Tomás Moro recebeu em sua casa o Rei da Inglaterra, Henrique VIII. Tudo estava esplendidamente preparado para receber o ilustre hóspede: um banquete delicioso, música e até outros convidados importantes que já haviam chegado. Só faltava um pequeno detalhe. A esposa de São Tomás não o encontrava em lugar algum. Quando o Rei estava entrando na casa, a pobre mulher estava à beira da loucura. Foi quando São Tomás apareceu. A esposa perguntou desesperada: “Onde você estava?” O santo com tranquilidade respondeu que estava rezando na capela, pois em primeiro lugar estão os compromissos com Deus, nosso Rei.

Hoje comemoramos a solenidade de Cristo Rei do Universo. Este mesmo Cristo que tem o primeiro lugar em todas as coisas aparece no Evangelho de hoje crucificado como um criminoso. A inscrição no alto da Cruz nos lembra que Ele é o “Rei dos Judeus”. Esse rei que os judeus esperavam deveria ser o Senhor de todas as nações da Terra, como revela o profeta Daniel: “A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído (Dn 7, 14)”.

Que grande paradoxo nós encontramos na Cruz: como é possível que aquele que é o primeiro dentre os homens é o que sofre e é humilhado como se fosse o mais indigno dos condenados? E o paradoxo não para por aí: Jesus, que foi despojado de tudo, promete-nos o que mais desejamos nessa vida: a felicidade sem fim. “Hoje você estará comigo no Paraíso”(Lc 23, 43). Nenhum homem poderoso e rico, ou algum rei desse mundo, nem político em campanha eleitoral poderia nos prometer o Céu. Jesus é o único que pode fazer isso, pois Ele é realmente o nosso Rei e não há limites para o seu poder e para o seu amor por nós.

E ele é tão poderoso e misericordioso que nós já podemos experimentar aqui nesse mundo o gostinho do paraíso através da Eucaristia. Cada vez que encontramos o Rei dos reis na Missa temos uma verdadeira experiência do Céu, estamos cara-a-cara com Deus e comemos da sua carne. “Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6, 32-33).

E afinal, é Cristo mesmo o meu Rei? Posso dizer como São Tomás Moro que meus compromissos com Deus são minha prioridade?

Uma maneira para fazer com que Cristo seja a prioridade em nossa vida é dar o melhor do nosso tempo para Ele na oração. Muitas vezes durante o dia podemos elevar o nosso coração a Deus e oferecer a Ele o nosso trabalho, os nossos estudos: “Meu amado Jesus, estes 10 minutos de trabalho são especialmente para você”. Ou então simplesmente agradecer os dons que recebemos dele depois de recebermos a comunhão na Missa: “Meu Senhor, muito obrigado pela minha vida.

Muito obrigado pela fé. Muito obrigado pela minha família”.

Também cada vez que comungamos é o Rei do Universo que entra na nossa alma, em nosso coração. Quando recebemos a Eucaristia colocamos Deus em primeiro lugar nos nossos pensamentos, nos nossos sentimentos, na nossa vida inteira. Por isso, temos que ir à Missa com esse desejo profundo de nos unir a Jesus Cristo. E assim, como Santo Tomás Moro poderemos anunciar para o mundo a realeza de Jesus Cristo.
Autor: Sr. Antônio Lemos, LC

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ajustando os desejos

"Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração"


Faz parte da vida humana estar, muitas vezes, sob a influência de fortes desejos. Tais estados de alma podem reforçar os grandes ideais, quando somam energias com os sonhos, que alimentam a nossa trajetória. Ter desejos é querer possuir; é predispor-se a gozar; é entregar-se a uma força que mal conseguimos manipular. Tem características de satisfação egoísta, embora persistam espaços para o altruísmo. Talvez a sã psicologia tenha descrições melhores a oferecer.


O que aqui apresento reveste-se apenas de fenômenos observados pela razão, que chamamos de bom senso. Logo abaixo quero reconhecer que existem, sim, desejos construtivos. Mas comecemos pelos desejos que nos travam e nos introduzem na parca produção, diante dos grandes deveres, de que estamos revestidos.


Há desejos que nos puxam para baixo e nos colocam em posição de correr atrás dos falsos valores. Vejamos, por exemplo, o desejo sexual que pode nos atormentar, em busca de amores impossíveis e contrários à ética cristã. Mas não é só a sexualidade que pode nos colocar em estado improdutivo. Também o desejo irrefreável do dinheiro, a “cobiça dos olhos”.


O mesmo se diga, com mais ênfase, sobre o desejo de prestígio a todo custo, da fama (muitas vezes não merecida), da perseguição contra pessoas que atrapalham. Jesus advertiu: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6, 21).


Os desejos amorosos de um casal, em santa união, podem ser poderosas alavancas para a concretização de sua vida familiar. Tais sentimentos se tornam convergentes. Lembro-me aqui também dessas almas privilegiadas, que envidam todos os esforços nas obras sociais. Ou mesmo, daqueles que querem ocupar posições de realce na sociedade, para fazer o bem e melhorar as condições do povo. Mas de forma alguma posso esquecer aquelas almas mais sublimes, como São Paulo, que se aproximam de Deus e não dividem seus desejos com falsos ídolos. Tais pessoas são os “puros de coração” cujos desejos estão fixados no essencial.


Esse é o ajustamento que todos devemos procurar. Jesus previu isso: “Eu, uma vez levantado [na cruz], atrairei todos a mim” (Jo 12, 32).


Dom Aloísio Roque Oppermann scj